Diretoria do CEPEUSP alega que falta de verba impede reformas e mantém quadras em condições precárias


Por Artur Abramo*
A lesão de Luiz Sato, atleta de futsal da ECA-USP, ocorrida em 6 de agosto em uma das quadras do Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP), suscitou antigo problema do local: a condição das quadras poliesportivas.
Durante um treino na quadra 9, o atleta fraturou o tornozelo depois de ficar com o pé preso ao piso de asfalto e precisou realizar cirurgia no dia seguinte. Sato conta que, antes mesmo de se machucar, já sentia receio em treinar nessas quadras devido a depoimentos de outros colegas sobre contusões. “Acredito que todos que praticam esportes com frequência nesses espaços têm algum medo.”
Com dor insuportável, fui levado direto ao hospital. Essa foi a lesão mais séria da minha vida.
Luiz Sato, atleta da ECA-USP
Histórico de acidentes
A história de Sato motivou Felipe Bueno, outro atleta da ECA-USP que sofreu uma lesão no tornozelo na mesma quadra, a investigar a recorrência dessas contusões. Bueno criou um formulário para coletar relatos semelhantes que obteve mais de 50 respostas de estudantes uspianos. Entre os casos, 14 atletas precisaram de fisioterapia e 3 passaram por cirurgias. Uma aluna descreveu que deixou a quadra “com as mãos em carne viva” durante o Bichusp, competição destinada aos calouros, e teve que ir direto ao pronto-socorro para “retirar pedaços de asfalto das mãos”. Dois estudantes também relataram rompimentos ligamentares no tornozelo e até no joelho.
Bueno demonstrou indignação por ter vivido caso semelhante. A lesão o obrigou a fazer fisioterapia e a não praticar esportes por dois meses. “O que vai precisar acontecer de mais grave para que façam alguma coisa?”, desabafou.
Com a circulação do formulário, a pressão dos alunos aumentou. A Liga Atlética Acadêmica da USP (LAAUSP) enviou informes para as Associações Atléticas Acadêmicas (AAAs) detalhando a situação das quadras 9 e 10, que têm sido o foco de constantes queixas dos atletas
Nos informes, a LAAUSP relatou que, após uma vistoria com a diretoria do CEPEUSP, foram identificados problemas no piso, nos gols e na iluminação. Novas lâmpadas foram solicitadas e devem chegar ao longo do semestre. Além disso, a grade que separava as quadras foi retirada devido a danos estruturais e redes provisórias foram instaladas enquanto se aguarda a reforma completa. A LAAUSP se comprometeu a cobrar semanalmente a diretoria por melhorias.
Falta de verba
Em contato com a reportagem do JC, a diretoria do CEPEUSP reconheceu os problemas e confirmou a conversa com a liga universitária para medidas paliativas. Segundo Katia Regina de Oliveira, chefe técnica da Divisão Administrativa, a situação das quadras é conhecida, mas há limitações orçamentárias. O orçamento anual de R$1 milhão é insuficiente para todas as reformas necessárias, sendo priorizadas a realocação de caixas de força e manutenção básica. “Não podemos correr o risco de ter uma pane elétrica ou até algo pior”, aponta a chefe técnica.
Outras obras são realizadas com apoio de parceiros. Em andamento, a construção da nova lanchonete do CEPEUSP foi financiada diretamente pela reitoria da universidade. Enquanto isso, a diretoria do centro esportivo avalia como distribuir os recursos disponíveis para concretizar as melhorias necessárias. A reforma das quadras está prevista para o próximo ano, enquanto melhorias nos vestiários e piscinas são planejadas para o futuro.
*Com edição de Marina Giannini