Para comunidade externa, o esporte uspiano ocorre mediante pagamento de taxas e restrito a cursos semestrais


Por Isabella Gargano*
O Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo, ou CEPEUSP, é aberto gratuitamente para alunos, funcionários e dependentes da USP. Mas para a comunidade externa o acesso é restrito, incluindo terceirizados. Eles só podem frequentar se matriculados em algum curso, nos horários e dias específicos, como qualquer outro externo. Erica Takigahira, chefe da divisão de educação física do CEPEUSP, explica que “alguns cursos selecionados são permitidos para o público externo, mediante o pagamento de taxas”. Para pessoas de até 59 anos, o preço varia de R$316, para uma vez na semana, à R$834, para quatro vezes na semana, segundo a tabela de preços de 2024.
Em uma manhã de dia útil, durante o horário de aulas, por exemplo, o local é frequentado não pelo típico público universitário composto por times de atléticas, mas por pessoas mais velhas e normalmente moradoras da região próxima à cidade universitária. Noburo Mukai é um desses casos: morador do Butantã e vizinho do CEPEUSP, o aposentado frequenta o local semanalmente. “Eu faço aula de musculação e aeróbica com a minha mulher. Pagamos uma mensalidade de valor simbólico. Passei a vir aqui depois que parei de trabalhar, fiz amizades e é muito bom.”
Dois mundos
Embora alguns externos consigam aproveitar o espaço e tenham boas experiências, desafios são relatados por quem mantém vínculo com a USP, mas não é considerado uspiano. Uma ex-aluna, que preferiu não se identificar, conta que após se formar ainda fazia parte de um time de sua unidade por um ano, mas tinha problemas para frequentar o CEPEUSP. Para participar dos treinos era preciso burlar algumas regras. “Eu pegava QR code emprestado para entrar. Existe uma carteirinha para ex-alunos, mas era super cara”, relata. A taxa anual para ex-alunos é de 960 reais, e para dependentes, 480. Visitantes acompanhados só podem frequentar o local uma vez ao ano durante 90 minutos.
O grupo de Jiu-Jítsu da Poli também enfrenta dificuldades para reservar horários de treino e para que os treinadores externos entrem no complexo. “Temos que fazer carteirinhas caras para os professores, que só duram seis meses”, relata Luigi Scofano, estudante de Engenharia de Computação e diretor do Jiu-Jítsu. “Renovar as carteirinhas custa, em média, 330 reais e nós temos mais de um professor.”
O estudante conta que é um problema de longa data, complexo de resolver. “Desde que as aulas voltaram estamos tentando resolver isso, mas a comunicação está bem difícil. Quando vamos ao CEPEUSP, a pessoa que a gente precisa não está disponível”.
O CEPEUSP declara em seu site que busca “oferecer à comunidade universitária programas de educação física, […] estendendo à comunidade externa na medida de suas possibilidades”. A cobrança de taxas e as restrições de uso para o público externo estão previstas no regulamento, mas ainda causam conflitos como os relatados.
*Com edição de Marina Giannini