I Bienal da USP possibilita integração cultural

Evento contou com artistas de diferentes cursos da universidade tentando promover, assim, a aproximação entre a comunidade por meio da cultura

Produção da I Bienal da USPFoto: Bruna Diseró

por Bruna Diseró

“A iniciativa de criar a Bienal é para que ela funcione como um megafone”, explica Pedro Salles, estudante da Editoração e um dos organizadores da I Bienal da USP, evento realizado entre os dias 21 e 23 de agosto e que contou com a apresentação de 26 manifestações culturais, entre elas peças teatrais, música, artes plásticas e audiovisuais.

A primeira Bienal de Cultura teve saldo positivo já que apresentou diferentes manifestações culturais dentro do espaço da universidade. Melhor: mostrou a arte produzida fora dos espaços tradicionais, como é o caso da ECA (Escola de Comunicações e Artes).

“A quantidade de grupos que se tem na Poli é impressionante”, relata Paulo Vicente Hipólito, outro organizador do evento. “A Bienal foi um início do que pode ser uma integração de verdade. Estimular que as pessoas conheçam o trabalho dos outros e ver, por exemplo, que na Poli tem um grupo de canto à capela”.

A difusão da arte dentro da universidade é criticada por organizadores e expositores. Apesar de a mostra ter contado com o auxílio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão para a permissão do uso do espaço, projetos de cultura que partem dos administradores são escassos e não contam com a participação dos estudantes em sua elaboração.

Além disso, a verba direcionada à cultura é insuficiente para que projetos saiam de seus ambientes de produção para o conhecimento do público. “Cada vez mais os grupos culturais estão isolados, porque essa é a forma que encontram de sobreviver e não conseguem interagir com os outros”, afirma Paulo.

Críticas

A primeira edição do evento considerado pelos organizadores como um “marco histórico”, contudo, não passou sem erros. Para o Coletiva Panapaná, grupo de teatro formado apenas por mulheres e que se apresentou no primeiro dia da Bienal, os projetos de “extensão” universitária são preteridos no tripé composto por “ensino” e “pesquisa”. Na ponta deles estaria a cultura.

Em entrevista ao Jornal do Campus, o Coletiva relatou que a Bienal foi uma tentativa de promover a arte e integrar a comunidade uspiana ao receber pessoas que nunca participaram de exposições nos espaços tradicionais como, por exemplo, o CAC (Departamento de Artes Cênicas).

O Coletiva criticou a falta de comprometimento dos organizadores ao divulgarem a lista de participantes tardiamente, prejudicando o diálogo entre as apresentações que seriam feitas no mesmo dia. “Enquanto conceito, a Bienal tem um potencial muito grande, mas enquanto execução, um pouco menos”.

Isso teria inibido possíveis debates sobre temas de destaque apresentados na Bienal que tivessem relação uns com os outros. “Tudo parece que foi feito em cima da hora e, de novo, a cultura foi preterida dentro do que se propunha”.

O evento, organizado pelo DCE, nega que houve falta de comprometimento e entende que a inexperiência dos envolvidos foi menor do que a vontade que eles tinham de realizar a Bienal.

Os organizadores preveem a criação de um Fórum Permanente de Cultura para os próximos anos e confirmam a próxima Bienal, em 2020. “Quem sabe a gente não consiga expandir para outros campus da USP e levar essa Bienal para muitos lugares ainda?”, levanta Pedro.