Mesmo com liminar que multa unidades com piquete, categoria fecha Reitoria e greve segue sem novos planos de negociação
Contabilizando apenas um voto contra, a assembleia dos funcionários da Reitoria, que reuniu cerca de 100 pessoas, decidiu pela adesão da unidade à greve do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). O sindicato comemorou a nova adesão que atinge diretamente o reitor João Grandino Rodas.
Desde as 6h, membros do Sintusp já fechavam as entradas do prédio da Reitoria para impedir o acesso de funcionários. Durante a assembleia, Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, disse que a greve tenderia a ficar “morna, caso o reitor não fosse diretamente atingido”. Logo após a decisão pela greve e pela realização de piquetes, Aníbal Cavali, outro diretor do Sintusp, declarou: “Agora ele [reitor] vai ter que arrumar um lugar pra despachar, pois hoje ele foi despachado daqui”.

A assessoria de imprensa da USP não se pronunciou sobre o fato. Por telefone, Rodas disse que paralisações do prédio da Reitoria têm se tornado rotineiros nos últimos anos. Ele afirma que são necessárias reuniões com sua equipe para a análise completa da situação de toda a universidade, em relação à greve. “Não podemos simplesmente agir em reação a um ato”. Quanto aos locais em que funcionarão os órgãos da Reitoria que não paralisaram, o reitor informa que existem opções em estudo para contornar a situação “Vamos buscar que a paralisação do espaço físico não signifique a paralisação da Reitoria”.

Mercenários
A indisposição entre as lideranças do Sintusp e Rodas aumentou após as declarações do reitor em entrevista à Rádio Bandeirantes, no dia 8 de maio. Rodas afirmou que a USP está sob o controle de “mercenários” contratados pelo Sintusp para impedir o acesso de funcionários aos prédios da universidade. Magno negou as acusações e afirmou que a decisão de fechar determinados prédios durante a greve seguiu critérios de legitimidade, tendo sido tomada em assembleias gerais de funcionários. Magno ainda falou que o sindicato estudaria medidas judiciais contra as declarações.
Negociações
Na última reunião do Conselho de Reitores da USP Unesp e Unicamp (Cruesp), em 17 de maio, foi negada a proposta de isonomia salarial, principal reivindicação da Pauta Unificada dos grevistas. O desentendimento entre o Sintusp e o Cruesp teve início em fevereiro, quando foi concedido 6% de aumento salarial aos professores sem que o benefício se estendesse também aos funcionários.
O Cruesp manteve a proposta de reajuste salarial de 6,57% e não foi agendada uma nova negociação.