Para professor do Instituto de Física, conquistas de décadas estão sendo derrubadas
Por Maria Eduarda Nogueira
A política ambiental do governo Jair Bolsonaro não é a única que causa polêmica, mas é a que tem obtido espaço relevante no noticiário. A demissão do diretor do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), entrevistado nesta edição, e os bloqueios nos recursos do Fundo Amazônia têm causado questionamentos.
Para o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, a agenda ambiental do governo pode ser resumida em duas palavras: destruição e desmonte. “O atual governo brasileiro está efetivamente desmontando praticamente toda a rede de proteção ambiental construída ao longo dos últimos 20, 30 anos em nosso país.”
O Brasil já passou por outros momentos de crise na gestão ambiental. Entre 2003 e 2004, a área desmatada na Amazônia era praticamente do tamanho de Alagoas. Mas um conjunto de medidas de fiscalização e legislação ambiental conseguiu reduzir em aproximadamente sete vezes a área desmatada. Nesse sentido, órgãos como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes (ICMBio) têm papel essencial.

O protagonismo assumido pelo país desde a Rio92 desvanece aos poucos. As consequências das declarações e atitudes do governo não se resumem apenas a perda de credibilidade nos fóruns internacionais. Boicotes econômicos também podem acontecer, afetando o bolso dos produtores. De tuíte em tuíte, teus risonhos lindos campos vão perdendo as flores.
Fundo Amazônia: como ele ajuda a maior floresta tropical do mundo
O Fundo Amazônia foi criado em 2008 através do decreto 6.527 para financiar projetos em prol da maior floresta tropical do mundo. Desenvolvimento sustentável, diminuição da emissão de gases prejudiciais, monitoramento e redução do desmatamento são algumas das linhas de ação.
A gestão financeira é feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que capta doações e monitora os projetos apoiados. Os maiores doadores são a Alemanha e a Noruega.

“O Fundo Amazônia foi chave no desenvolvimento de estratégias para dar renda aos municípios e população amazônica, reduzindo o desmatamento ao mesmo tempo. Não há outro fundo com esta característica e vulto para suporte ao processo de ocupação da Amazônia”, diz Paulo Artaxo.
