Por Alessandra Ueno e Bárbara Bigas

Durante uma das reuniões de pauta que definiu as reportagens desta edição, uma provocação foi levantada: O que é ser um aluno notável na Universidade de São Paulo?
A resposta não é simples de obter, tampouco consensual. A Universidade, durante seus 90 anos, abrigou diferentes perfis de alunos: de Chico Buarque a Mário Covas, de Lygia Fagundes Telles a William Bonner.
A mesma Universidade que abriu portas para pessoas que agora estão marcadas na história como grandes artistas, comunicadores e políticos, tem no presente uma geração de alunos notáveis lutando para serem notados.
Alegações de escassez de auxílios financeiros fazem alunos se abrigarem em alojamentos abaixo da arquibancada do Centro de Práticas Esportivas da USP (confira p. 8 e 9). O ambiente de estudo torna-se hostil quando uma aluna é humilhada por um professor em sala de aula (p.7), e estudantes que buscam estágios no 1o ano da graduação — evidenciando o conflito entre sustento e vida acadêmica — sofrem recusa de suas unidades de origem (p.10).
O que as 16 páginas a seguir se propõem a refletir e expor são as tantas camadas de permanência estudantil que ainda tardam por existir na USP. É sobre ter onde morar, mas também sobre poder expressar a si mesmo (p.15) e deixar sua marca na trajetória de excelência acadêmica da Universidade (p.5). São retratos, recortados pela atualidade, de problemas insistentes, que volta e meia se tornam o fio condutor do Jornal do Campus.
“Quem não é visto, não é lembrado”, ditado que dá nome a este editorial, é um lembrete de que não é possível ser notável sem ser notado. Ao final do trabalho de apuração e entrevistas, a pergunta que permanece é: quantos alunos notáveis a USP — e consequentemente, a sociedade — perdem? Esperamos que esse olhar crítico acompanhe você, leitora, leitor.