Evento da USP direcionado a alunos do ensino médio estreou em novo formato, com pouca divulgação

Foto: Beatriz Haddad/JC

Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Por Sofia Zizza*
“Eu achei que não ia ter este ano”, afirma Beatriz Pernambuco, aluna terceiranista de São Paulo que veio à Feira USP e as Profissões em 2023. O encontro destinado aos vestibulandos e demais interessados, que acontecia presencialmente, passou a acontecer em formato virtual no começo de outubro. Entre os motivos para a mudança, de acordo com organizadores, está a busca por mais público.
“Apesar de a feira física agregar muitas experiências, percebemos que muitos alunos do ensino público não estavam tendo acesso. A modalidade online permite que os conhecimentos cheguem a alunos de todo o estado”, afirma Fábio Lima, assistente técnico de direção da PRCEU.
O programa USP e as Profissões, do qual a feira faz parte, foi dividido em três etapas. Visitas monitoradas, nas quais os alunos podem visitar presencialmente a unidade de interesse; Projeto “Eu na USP”, no qual alunos que vieram de escolas públicas voltam às suas instituições de origem para contar sua experiência e a feira de profissões em si.
O formato virtual do evento consistiu em uma transmissão ao vivo pelo YouTube em três dias, cada um direcionado a uma área do conhecimento. Raiji Takano, gestor da Feira em 2024, explica que a participação dos alunos da USP se deu por meio da administração de salas de bate-papo, nas quais o público pôde tirar dúvidas específicas dos cursos. O recrutamento dos alunos se deu por meio dos professores selecionados pela Comissão de Cultura e Extensão Universitária (CCEx) para participar da feira.
“O conceito de interação do vestibulando com o aluno USP e o docente se mantém”, afirma Fábio. Em contraponto, Enzo Frediani, aluno de Biologia que participou como expositor na Feira de Profissões em 2022 e 2023, relata que sente perdas significativas na mudança para o formato digital. “A Bio sempre levou animais e plantas para a feira. O estande estava sempre lotado”, relembra. Além disso, ele explica que expor no evento era uma oportunidade para treinar habilidades não muito desenvolvidas em seu curso, como falar em público.
“Estar cara a cara com os alunos da USP, com idades próximas a minha, fez com que eu me sentisse confortável para fazer perguntas básicas, que eu não faria para um professor”, relata Beatriz. Ela conta que a feira também foi uma oportunidade para conhecer pessoas que querem prestar o mesmo curso que ela. “Quando soube que a feira ia ser online, até perdi a vontade de ir.”
As únicas informações sobre a feira estavam na página do Instagram e no TikTok do @culturanausp, que, em sua biografia, tinha um link que levava ao novo site da feira. O endereço não aparece como primeiro resultado ao pesquisar no Google a expressão “Feira de Profissões da USP 2024”.
Fabio Lima afirma que a transição de formatos fez com que a comunicação fosse prejudicada. Ele explica que a USP passou por uma mudança no seu sistema de compras que impediu o uso do orçamento da Universidade até o meio do ano. “Isso impactou eventos grandes como a feira de profissões. Com esse atraso, não tivemos tempo para uma melhor estruturação”, completa.
*Com edição de Gabriel Carvalho e João Chahad